terça-feira, 19 de outubro de 2010

Narrativa épica de evento mundano

Olho de Mel

Me leva pra cama

Me ama insana até amanhã de manhã ou depois

E além do depois hesita, complica

E por não ser eu de família rica

Diz, presa a parcos conceitos,

Que por grande respeito

Que por mim tem no peito

Deve me deixar e que eu não devo mais a procurar


Eu sorri e ela partiu.

Percebi e ela me viu percebendo: teve medo de querer ser só minha, sabendo que não seria eu só dela. Teve mais medo ainda por ser eu grande e nobre, mas aos olhos de sua família um louco pobre.

Eu sou rio e ela partiu.

Breve Reflexão Interna

Embora escreva, às vezes, para sentir o que as palavras me dizem

E o poema por si só ser a existência necessária

Escrevo, outras vezes, pra elas me lembrarem como foi sentir

Um determinado existir num certo momento

Ooh, Giiiiiiiirl (com aquela entonação do John Lennon)

Leve leveza na tua beleza

Bem feita perfeita tão leve de luz

Teu simples existir por si só me seduz

Tão leve me sinto que posso voar

Os traços que trazes em ti

São certos, são leves e firmes em si

Tuas curvas resolutas revolvem meu existir

Pó no Deserto

Vou a esmo e assim mesmo ao teu lado

Sei não por onde tu te esconde

Eu te olho de sobejo, não te vejo

Sem querer eu te quero, desespero

Por querer


Não de longe

Estou perto

Mas me sinto como pó no teu deserto


Remanesce o céu, o sol, o chão que eu piso

Pro céu pisar em mim

Permanecem na constante inconstância do instante

Ou instância do viver

Vai saber

Te encontro quando posso

Ou quando o nosso deus quiser


Quem me sabe já não viu

Sou poeira lá do alto

Atravesso o percal

Pro deserto que coberto pela areia

A tal mesma que é corrente em minha veia

E me faz

Já me fez

Te fará

Aquele um só

Ponto sem nó

Sem o perto

Sou você, pois mais um grão no teu deserto.

Sombra

A sombra é uma mentira do sol.










Ou nossa?

U Muleque me disse

Tio, o que mostra que tem menos a perder,

geralmente ganha.

O Olho Dela

O olho dela me fascina

O olho dela me traz sina

O olho dela não facínora

Verde-azul verde água

Vem, me mata sem querer

Me afogando em mar aberto

Num profundo fundo preto

Bem ao centro do azul.

Dia Desses

Mar revolto às voltas do meu peito

Não sei como, mas dei um jeito de nadar.

Hum...

Uma pessoa só

Pode não ser só uma pessoa.

E nessa companhia singular

Estaria ela sozinha, solitária ou acompanhada?

São Tomé

São Tomé

Deu no pé

Quando viu o que não queria ver.


Por quê?


Quando viu que o visto

Não era o bem quisto pelo coração

Perdeu a razão.