quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Da nossa relação pré-verbal

Danço no silêncio do teu olhar
Na música que por sempre nos acompanhar
Muitos já deixaram de escutar

E nesse minueto dançante
Sinto a vida pulsante
A cada flerte que ressoa em mim
Sem gritar

Da não boa interpretação dos ensinamentos de Sócrates

Só sei que Sócrates nada sabia.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Dos Atos Correlatos

É impressionante como os fatos

Correlatos entre tu e eu

Nos dão relatos tão sensatos

Sobre os atos de algum Deus

domingo, 5 de setembro de 2010

Surpresa

O sobrenome dela era Padrão
Estudava direito
E subvertia os sistemas formais



sábado, 4 de setembro de 2010

De quando se sai do corpo

Estou só

Só comigo e mais ninguém

Sem os outros de mim mesmo

Sem os outros de alguém


Estou só

Só comigo de verdade

Sem as cascas que a vida acumula com a idade


E em tal estar

Solitário em transparência

Enxerguei a abrangência

Da ilusória solidão

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Eu-Tu

Eu te ver me faz eu ver

Você me faz eu ver meu eu em mim

Eu te ver me faz me ver

Você me traz você e faz

Tudo feliz

Então...

O por vir só importa quando vier

Enquanto não vem é nada mais

Nós

Não busco uma companhia pra não ficar sozinho

Busco uma companhia pra ficar acompanhado

Convulsão

Berros, berros, berros 
Berros cortam o som
Luzes, luzes, luzes 
Luzes gritam o tom

Teu céu na minha boca
Parafraseando cores de outro mundo

Voa pela pele, pelo pêlo, pele só
Voa pela mente, mente e péla, pele só

Flutuante fluidez
Fogo, fluído
Fluida embriaguez flutua no chão

Pra dentro vou
Pra dentro sou 
Convidado a entrar
Após três mordidas me bates
Me agarra nos joga no chão

Teu corpo meu corpo cantando
Colorindo a explosão

Insana

Amargamente cantaste a morte

Tão forte que me pus a chorar

Agora tão leve vens e me abraça

Que graça que tens em me ter

Pois sabes no fundo que o ter

Só existe quando se é tido

E tudo isso sem ter-se perdido

O sentido de quem se é

Despeito

E num dizer de não te quero mais

Dispensa ela o seu antigo amor

Estupefato ele àquilo ouvir

Lhe sobe ao peito um grande dissabor


Em traição de mês e meio atrás

De noite etílica e coito fugaz

Causou despeito em sua então mulher

E pro despeito vingança é mister


Forjando ela um desconhecer

E o tal opróbrio a lhe corroer

Armou vingança pra n’outro cerzir

A mesma dor que ele a fez sentir


Então com rosto pouco visto antes

Chega ela com novo semblante

Batendo a porta do seu ex-querido

Dizendo a ele: Olha então marido...


...Causaste a dor que liquefez o amor

Jogaste alto, mataste de assalto

Rasgaste a vida e também meus sentimentos

Mas não faz mal, pois agora de apresento

Sem mais delongas afirmo!

Doravante...

Teu primo é o meu mais novo amante!

De uma figura muito curiosa que encontrei dentro de mim que me causa gozo e confusão.

Adentro el mar con mi embarcación

Voy a fluctuar hasta encontrar o que no lo sé que procuro

E bien de bien lo bien no quiero saber, para hablar la verdad a vos

Porque mi procurar es mi encuentro, ¡mi vida!

E en ella solo se está cuando dejamos-la adentrar:

¡Adentro!

Encontro

Hoje me encontrei comigo mesmo

Mas o mesmo que eu via

Era outro de algum eu.

E ao me olhar perguntei-me:

Por onde andavas?

Por que sumido estavas?

Onde tínhamos nos desencontrado?

Me respondi logo que vi

Que tinha me escondido de mim

Comecei a sorrir logo que senti a felicidade de ter me encontrado de novo

Teu Sol


Nessa quarta-feira cinzenta

É aquele nosso pedaço de domingo
Que ilumina meu céu

Eu flutuo, Tu flutuas, Nós...

Leve leveza na tua beleza
Bem feita perfeita tão leve de luz
Teu simples existir por si só me seduz
Tão leve me sinto que posso voar
Os traços que trazes em ti
São certos são leves e firmes em si
Tuas curvas resolutas resolvem meu existir

Arfar

Escoando por sua respiração
O calor do seu corpo me agarrava
Com toda a delicadeza que permite uma paixão
Dedos vestidos de unhas verdes e anéis de pedras pretas
Com um simples tocar em minha pele me levavam a alturas que eu desconhecia

É como se ao lado dela fosse minha casa
É como se ao lado dela eu ganhasse asas
É como se ao lado dela eu fosse fogo e brasa

Ela me arde
Eu ardo e mordo ela
Ela me morde e nós nos comemos

E caso...

E caso, por ventura do destino ou aventura do acaso

Tu me achar numa esquina caminhando em direção a um sorriso

Pode ter a certeza de que o sorriso que te darei em resposta estará dizendo: Te amo

¿Do Nada e do Tudo?

O nada existe e ele está dentro de tudo
Logo além daquilo que se chama fim
E que em mim é nada mais que o começo
De um outro capítulo de nós
Pois o nada é tudo que poderia
E tudo é tudo que é
Se é: é tudo
Se foi: é tudo mais
Então, meu bem, me abraça
Que a mim só me interessa
Aquilo tudo que é entre nós
Pois tudo aquilo que foi entre nós
E aquilo tudo que será entre nós
É só resultado
Só e somente só.
E o que não é nem foi é o que seria
E nada do que seria me serve
Pra mim só serve o tudo
Mas nem tudo me serve

Da vida ou Do Instante ou Dos Dois

Concentro minha vontade

Sobre os instantes da vida

Que não passam de um instante.

Infinito

Vida
Pessoa
Amor
Universo
Quatro palavras que (dizem e) são o mesmo
Quatro palavras que no final das contas dão conta da mesma coisa

Diferença

A uma grande diferença entre amor e propriedade.

A propriedade do amor é ele mesmo.

Mas o amor da propriedade é próprio de um não amor.